TEMPO
Não há tempo.
Há algo de sadicamente irônico sobre o tempo. E, talvez,
isso se tornasse claro se parássemos só por um instante, e nos
deixássemos enxergar tal fato. Mas não paramos, nunca paramos. Estamos
sempre correndo, sempre atrasados, sempre com pressa. Sempre sem tempo.
Presos em uma corrida, com um gigantesco lapso de nexo, em direção ao
fim literal. Afinal, qual o sentido da pressa se a morte é o que nos
espera na linha de chegada do fim dessa mórbida corrida, também
conhecida como vida?
A verdade é que todos vamos morrer. Simples assim. Apenas
um fato. Fato iminente, o qual não está em discussão. É assim, e ponto. E
fim. Somos seres mortais, com dias finitos e horas contadas, apenas de
passagem no universo vasto e perene. Amontoados de matéria que insistem
em não ter tempo, em seu pouco tempo, em seus minutos numerados, como
um cachorro que persegue, tolamente, o próprio rabo. Sempre ocupados
demais para as "toscas" coisas da vida, para sorrir, para viver.
As estações mudam, passam-se as folhas do calendário, e
quando menos esperam, chegam o fim dos seus míseros segundos enumerados.
E o que poderiam fazer? Não há mais tempo.
EMANUELLE - 1º ANO "B"
CARMELA DUTRA